Se você é daqueles que sonha em viver numa cidade onde tudo é medido, controlado e punido — parabéns! Salvador está te esperando. Com regras que beiram o surrealismo, o grupo de ACM Neto, com a gestão Bruno Reis implementou um parque temático da punição. Só que, diferente da Disney, aqui a entrada é gratuita, mas a saída pode custar caro.
Afinal, só no primeiro semestre de 2025, foram 357 mil multas aplicadas. Um espetáculo de eficiência fiscal que deixaria até a Receita Federal emocionada. E os números não param. A cidade conseguiu a proeza de multar até patinetes — sim, patinetes! — caso atinjam a assustadora velocidade de 6 km/h na calçada. Um perigo, sem dúvidas.
E o que dizer das praias? A prefeitura, sempre atenta ao bem-estar dos cidadãos, decidiu que caixas de som são o verdadeiro mal do século. Por isso, multas de até R$ 15 mil foram propostas para quem ousar curtir um som na areia. Porque nada mais ameaçador para a ordem pública do que um refrão de pagode no Porto da Barra.
Na Salvador de hoje, sorrir sem permissão pode virar infração. Se você estiver de bom humor demais, cuidado: um fiscal pode entender como desacato à tristeza obrigatória imposta pelo excesso de leis. O ideal é andar cabisbaixo, em silêncio, e com um velocímetro pendurado no pescoço.
Governar com pulso firme é importante. Mas governar com radar em cada esquina, multa em cada gesto e silêncio obrigatório nos espaços públicos é, no mínimo, um experimento distópico de comédia trágica. E a população? Vai rindo… até receber a notificação.
