Foi lançado recentemente o livro Sabores e Territórios, uma obra que valoriza a cultura alimentar de comunidades quilombolas por meio de receitas ancestrais e saberes tradicionais transmitidos por gerações. O livro reúne histórias, modos de preparo e ingredientes que contam não apenas sobre a culinária, mas também sobre identidade, resistência e pertencimento.

Entre as receitas registradas está o tradicional beiju, alimento de origem indígena e amplamente adotado pelas comunidades quilombolas. Feito a partir da mandioca, o beiju se tornou símbolo da culinária capixaba e nacional. Em agosto de 2024, esse patrimônio alimentar recebeu o selo de Indicação Geográfica (IG), um reconhecimento oficial que protege e valoriza produtos vinculados a um território específico, como é o caso do beiju produzido em comunidades quilombolas do Espírito Santo.
O livro é resultado de uma construção coletiva que envolveu pesquisadores, mestres da cultura, líderes quilombolas e cozinheiras tradicionais, em um esforço para preservar receitas que atravessaram o tempo e seguem vivas nas mesas e celebrações dos territórios negros rurais.
Além do beiju, Sabores e Territórios apresenta outros pratos típicos que utilizam ingredientes locais, como a mandioca, o milho, o inhame e plantas alimentícias não convencionais (PANCs), compondo um verdadeiro retrato da biodiversidade e da criatividade culinária dos quilombos.
Mais do que um livro de receitas, a obra é um registro de memória e resistência, reafirmando o papel central das mulheres quilombolas na preservação e transmissão desses saberes. O lançamento marca um importante passo na valorização da cultura alimentar afro-brasileira, destacando o alimento como expressão de território, ancestralidade e dignidade.
